Mestrado em Fisiologia – Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo
Financiamento: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
Orientador: Prof. Dr. Norberto Garcia Cairasco.
Resumo
O Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) é uma doença psiquiátrica caracterizada por pensamentos intrusivos e repetitivos (obsessões) e por comportamentos ou atos mentais recorrentes (compulsões), realizados na tentativa de aliviar a ansiedade gerada pelas obsessões. A prevalência anual do TOC varia de 0,4 a 1,8% e os pacientes acometidos geralmente sofrem impactos em sua vida pessoal e social, uma vez que as obsessões e compulsões causam grande incômodo e consomem muito tempo, interferindo em suas atividades de vida diária. Neste trabalho nosso foco foi na dimensão de obsessões de contaminação e compulsões por limpeza. A administração central de ocitocina (OT) no núcleo central do complexo amigdalóide (CeA) induz hypergrooming (autolimpeza exacerbada), sendo este um modelo de compulsão. A cepa Wistar Audiogenic Rats (WAR), é um modelo experimental de epilepsia obtido pelo endocruzamento de animais geneticamente suscetíveis para a geração de indivíduos com elevada sensibilidade às crises tônico-clônicas generalizadas, induzidas por intermédio de estimulação acústica. Os animais da cepa WAR apresentam um comportamento de autolimpeza exacerbado, comparados a animais Wistar normais, mesmo sem qualquer manipulação ou através da microinjeção de OT no CeA. O presente trabalho teve por objetivo investigar as relações entre os sistemas serotoninérgico e ocitocinérgico no modelo de compulsão por indução de comportamento de hypergrooming através da microinjeção de OT no CeA. A exacerbação do comportamento de grooming observado após microinjeção de OT no CeA de animais WAR, bem como a exacerbação basal deste comportamento nestes animais sugerem que este é um modelo endógeno de compulsão como comorbidade associada à susceptibilidade às crises tônico-clônicas generalizadas nesta cepa. Nossos resultados superem ainda um comprometimento do sistema serotoninérgico na cepa WAR que pode estar correlacionado aos comportamentos compulsivos e também aos substratos neurobiológicos envolvidos nas crises audiogênicas, uma vez que os substratos neurais (circuito córtico-límbico) envolvidos nestas respostas recebem densa inervação serotoninérgica dos núcleos DR eNMR.
Mestrado em Fisiologia – Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo
Financiamento: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
Orientador: Prof. Dr. Norberto Garcia Cairasco.
Resumo
Ás epilepsias acometem entre 1-2% da população mundial.De um modo geral, de todas as epilepsias quase um- terço deste total de pacientes apresenta a síndrome, epiléptica- conhecida como Epilepsia de.Lobo Temporal (ELT), a qual se instala geralmente após um insulto inicial ou em decorrência de outras patologias como, por exemplo, trauma ou tumor, e parece ser decorrente de anormalidades intrínsecas do lobo temporal tais como, amígdala, hipocampo e córtex piriforme.Depois de um período de latência variado, promove o surgimento de crises convulsivas.Dentre os pacientes que apresentam ELT, cerca de 20 a 30% deles apresentam resistência ao tratamento farmacológico. Para melhor estudar os processos plásticos envolvidos no processo de epileptogênese ocorridos após a instalação do insulto inicial que levam ao aparecimento de crises recorrentes espontâneas, ratos Wistar foram eletricamente estimulados na amígdala para indução de Status Epilepticus (SE). Foram feitas histoquímicas e immunohistoquímica para marcar neurônios ativados (c-Fos+), novos neurônios (Doublecortin – DCX+) e em degeneração (FluoroJade C – FJC+) após as crises. Após a indução do SE observamos que quanto mais graves as crises, maior o número de áreas ativadas (c-Fos+) e maior o número de neurônios em degeneração (FJC+) Além disso, não houve associação direta entre as áreas cerebrais ativadas e grau de neurodegeneração, nem associação entre gravidade do SE e intensidade de neurogênese (DCX). A segunda fase deste projeto, executada na University of Cincinnati, refere-se ao estudo do impacto do SE, induzido por pilocarpina (PILO) sistêmica, sobre a neurogênese hipocampal. Utilizando a injeção de BrdU, para marcar o dia do nascimento de novos neurônios granulares, em camundongos Thy1-GFP foram submetidos ao SE por PILO. Foram analisadas a plasticidade dendrítica de neurônios granulares em fase de maturação (imaturas, 1 semana) e maduras (8 semanas). As células imaturas sofreram drásticas modificações na sua morfologia e na densidade dendrítica. Por outro lado, as células maturas não sofreram alterações morfológicas na árvore dendrítica, mas apresentaram uma intensa redução na densidade dos espinhos dendríticos assim que as células imaturas estão susceptíveis ao impacto das crises epilépticas.
Mestrado em Fisiologia – Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo
Financiamento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.
Orientador: Prof. Dr. Norberto Garcia Cairasco.
Resumo
Com o aumento desordenado e não planejado das cidades, problemas de poluição ambiental se tornaram parte do cotidiano do cidadão. Dentre os vários agentes poluentes, os ruídos são geralmente desconsiderados quanto à sua totalidade de efeitos danosos na saúde de seres humanos e animais domésticos, pois sons intensos não deixam resíduo, como acontece com os produtos descartáveis, mas mesmo assim, podem causar problemas psicossomáticos e psicossociais. Os ruídos intensos podem se manifestar através de traumas acústicos (evento agudo), como acontece em explosões. Entretanto os ruídos também podem ser repetitivos ao longo de dias, como acontece no tráfego de automóveis, barulhos em salas de aula entre outros exemplos do cotidiano. A literatura relata que traumas acústicos podem causar surdez, hiperacusia e tinnitus (zumbido). Porém, em nenhum estudo é relatado modelo experimental que mimetiza uma situação de poluição ambiental sonora para o estudo dos efeitos danosos das estimulações crónicas acústicas. Este trabalho propõe um protocolo experimental de estimulação sonora repetida (abrasamento acústico) que produz efeitos danosos na via auditiva de ratos Wistar. Finalmente, adicionalmente aos vários tipos de comportamentos induzidos por estímulos acústicos intensos, identifica-se morte neuronal no núcleo coclear, um importante núcleo da via auditiva central, o que poderia gerar problemas na acuidade auditiva.
Mestrado em Fisiologia – Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo
Financiamento: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.
Orientador: Prof. Dr. Norberto Garcia Cairasco.
Resumo
As epilepsias são as desordens neurológicas mais comuns entre humanos e, de longe, as mais estudadas. Dentre elas a Epilepsia do Lobo Temporal (EL T) se destaca por apresentar grande número de pacientes refratários aos tratamentos medicamentosos e apresenta como características gerais: l)a ocorrência de.um evento gatilho .que deflagra 2). os processos epileptogenéticos responsáveis pelo surgimento das 3). crises recorrentes espontâneas (CREs). O modelo animal utilizado neste. estudo mimetiza as três etapas descritas acima e consiste na estimulação elétrica do complexo amigdalóide e consequente estabelecimento do quadro de Status Epilepticus Auto Sustentado (SEAS). Neste modelo foram descritos dois tipos de SEAS com gravidades de crises comportamentais e características morfológicas distintas. O SEAS-Típico é mais grave, apresenta crises comportamentais mais severas e um quadro de morte celular bilateral em hipocampo e outros núcleos correlatos. O SEAS-Deambulatório é menos grave, apresenta crises comportamentais leves e perfil de mortes celulares com lesões exclusivamente unilaterais em hipocampo e núcleos correlatos. O objetivo do estudo foi diferenciar os dois tipos de SEAS através de : marcadores eletroencefalográficos (EEGráfico) e moleculares a fim de estabelecermos alguns dos possíveis mecanismos responsáveis pela ocorrência dos dois tipos de SEAS. O traçado EEGráfico das crises foi avaliado através da análise de freqüências sustentadas ao longo do e tempo em HIP e AMY. Como a atividade elétrica cerebral depende da ativação de grupos neuronais específicos, foi avaliada em paralelo a expressão da proteína c-Fos, como indicadora da atividade neuronal durante” o evento de SEAS. Por outro lado, a ocorrência de SEAS e a atividade neuronal aumentada promove modificações plásticas que envolvem alterações em neurotransmissores, neuropeptídeos, fatores de crescimento neuronal, entre outros. Neste sentido foram avaliadas as expressões do fator neurotrófico derivado do cérebro (Brain Derived Neurotrophic Factor -BDNF) e neuropeptídeo- Y (NPY), um neropeptídeo produzido por intemeurônios inibitórios no hilus do giro denteado (GD) do hipocampo que apresenta ações anticonvulsivantes em vários modelos de estudo. A análise do eletroencefalograma (EEG) deixou claro que durante comportamentos exploratórios há a predominância de freqüências sustentadas, tanto em HIP quanto em AMY, na faixa entre 5-9 Hz. Por outro lado, durante os comportamentos de crise, não importando sua gravidade, as freqüências sustentadas reduzem para entre 3-5 Hz em ambos os núcleos. A análise da atividade neuronal através da expressão de c-Fos mostrou-se diferente entre os animais controle e os dos grupos experimentais, com muito maior expressão nos animais com SEAS. Foi observada expressão de c-Fos em 17 regiões cerebrais com diferenças em córtex ipsilateral, com maior número de células no SEAS- T e em amígdala baso-lateral e amígdala medial contralaterais com maior número de células em SEAS-D. i O NPY foi avaliado em três tempos pós-SEAS (3 h, 24 h e 14 dias). Em todos os tempos estudados houve diferença entre o número de células no hilus do GD entre os grupos de SEAS e controles com maior número nos animais SEAS. Entre os dois tipos de Status, de maneira geral, houve diferença no número de células com maior expressão em SEAS-D. A ativação neuronal durante o período de SEAS parece não ser o fator determinante que diferencia ambos os tipos de Status uma vez que a expressão de c-Fos entre os grupos é semelhante. A ocorrência de freqüência sustentadas nos diferentes comportamentos de crise foi idêntica, independentemente de sua gravidade. Por outro lado, a expressão de NPY foi diferente entre os grupos e parece ser um fator importante na determinação da gravidade das crises nos animais. Futuros estudos poderão auxiliar na compreensão da relevância da expressão do NPY como sendo resultado da ativação de um sistema anticonvulsivo endógeno, se não for observada a ocorrência de CREs em tempos mais prolongados de análise.
Mestrado em Neurologia/Neurociências – Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo
Financiamento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.
Orientador: Prof. Dr. Norberto Garcia Cairasco.
Resumo
Modelos experimentais de crises audiogênicas (CAs) no rato são reconhecidos como um modelo de crises generalizadas tônico-clônicas e têm sido introduzidas em diferentes laboratórios para estudo das epilepsias. A cepa Wistar Audiogênic Rats (WAR) é uma linhagem de ratos Wistar geneticamente sensíveis à crises audiogênicas (CAs). Durante a crise existe ativação do eixo Hipotálamo-Hipófise-Adrenal (HHA), que faz parte de um sistema neuroendócrino que de acordo com estímulos internos ou externos, apresenta variações a fim de manter a homeostase do organismo. O objetivo desse trabalho foi avaliar o eixo HHA de ratos da cepa WAR e verificar de que maneira as alterações desse eixo podem alterar as crises audiogênicas. Para isso verificamos a resposta da hipófise e da glândula adrenal a diferentes condições como estresse de restrição e variação circadiana, verificamos ainda a resposta da glândula adrenal ao estímulo com hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) exógeno, o peso dos animais do nascimento aos 63 dias de idade, a histopatologia e a morfometria da glândula adrenal. Para verificar como os hormônios do eixo HHA influenciam as CAs, induzimos as crises após estresse de restrição agudo e crônico e após injeção de espironolactona, antagonista de receptores de mineralocorticóides. Os resultados mostram que os animais da cepa WAR, embora menores que os Wistar, apresentam maior peso da glândula adrenal a qual é hiperplásica nesses animais. Ratos da cepa WAR também apresentam alterações na variação circadiana de ACTH com ausência do pico noturno de secreção, e tiveram um valor de corticosterona plasmática, após injeção de ACTH exógeno, significativamente maior que os Wistar. Quando submetidos ao estresse de restrição, ratos WARs apresentaram um aumento nas concentrações plasmáticas de ACTH quando comparados com os Wistar. Apesar dessas diferenças fisiológicos no eixo HHA os WARs não mostraram alterações na gravidade de crises após estresse de restrição agudo, porém apresentaram diferenças nas gravidades das crises audiogênicas após a realização de um processo de estímulos repetidos (20 estímulos em 10 dias) para o recrutamento de estruturas límbicas (kindling audiogênico), pareado com estresse crônico de restrição. Concluímos que os ratos WAR são menores que os Wistar controle e apresentam a glândula adrenal hiperplásica, com alterações morfométricas na medula e na camada fasciculado do córtex. Adicionalmente os WARs apresentam alterações nos padrões de secreçãode ACTH após estresse de restrição e durante o ciclo circadiano, e alteração na liberação e corticosterona após injeção de ACTH. Finalmente, embora o estresse de restrição agudo e a injeção de espironolactona não alteram a gravidade das crises audiogênicas agudas, o índice de gravidade de crises mesencefálicas permaneceu alto durante o kindling em ratos estressados cronicamente, sugerindo que o estresse crônico (atividade do eixo HHA) pode estar modulando a suscetibilidade às crises dos ratos WAR.
Mestrado pelo Departamento de Bioquímica e Imunologia – Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo
Financiamento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.
Co-orientador: Prof. Dr. Norberto Garcia Cairasco.
Mestrado em Neurologia/Neurociências – Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo
Financimento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.
Orientador: Prof. Dr. Norberto Garcia Cairasco.
Resumo
Epilepsia do lobo temporal (ELT) é a síndrome epiléptica mais comum na população. Aproximadamente metade dos pacientes com ELT são farmacorresistentes. O tratamento cirúrgico destes pacientes leva a 60 a 80% de remissão das crises e 10 a 20% de melhora significativa. Ferramentas importantes para o estudo e o diagnóstico das epilepsias são Semiologia e Neuroimagem Funcional. OBJETIVOS: O objetivo deste trabalho foi correlacionar as expressões comportamentais ictais aos achados perfusionais durante crises de ELT utilizando a Neuroetologia e a Tomografia Computadorizada por Emissão de Fóton Único (SPECT) respectivamente. MÉTODOS: Análise comportamental individual foi desenvolvida em 28 crises de 28 pacientes com ELT com esclerose hipocampal unilateral (13 pacientes apresentavam ELT à esquerda e 15 à direita), previamente à lobectomia temporal; Engel I, sem patologia dual e apresentando apenas descargas eletrencefalográficas unilaterais e ipsilaterais. Todos eles apresentavam imagens de SPECT ictal e interictal. Registros de video-EEG foram reallzados no Centro de Cirurgia em Epilepsia da nossa instituição. Os vídeos foram digitallzados e os comportamentos ictais anotados segundo-a-segundo. Os dados foram anallsados utilizando o programa ETHOMATIC e apresentados em, fluxogramas incluindo freqüência, duração média, e interação seqüencial entre comportamentos. As imagens de SPECT ictal foram anallsadas por dois especiallstas, cegos a qualquer informação neuroetológica. A perfusão cerebral foi visualmente classificada de -3 (hipoperfusão intensa) a +3 (hiperperfusão intensa). A correlação Neuroetologia-perfusão foi feita entre as seqüências comportamentais e as áreas cerebrais ativadas no SPECT ictal. Em seguida, os comportamentos foram categorizados pela presença ou ausência e também pela presença ipsilateral, contralateral ou bilateral. As áreas cerebrais foram categorizadas pelo estado perfusional (hiperperfusão ou perfusão normal/ hipoperfusão) e pelo local da alteração perfusional (ipsilateral ou contralateral ao foco da crise). RESULTADOS: Correlações entre as expressões comportamentais ictais, lado do lobo temporal, e a ativação de estruturas corticais e subcorticais foram encontradas. Todos os pacientes desenvolveram automatismos e tiveram hiperperfusão nos lobos temporais. Além disso, quase todos aqueles que apresentaram postura distônica contralateral (PD) tiveram hiperperfusão dos núcleos basais ipsilaterais ao foco da crise. Interessantemente, a ativação dos núcleos basais também ocorreu em crises sem PD, mas nestes casos associadas a automatismos manuais contralaterais. Um outro achado marcante foi que poucos pacientes desenvolveram desvio cefálico contralateral, e a maioria desses pacientes teve hiperperfusão insular ipsilateral, dado não descrito na literatura. Também foi encontrada estatística significativa para a ausência de posturadistônica ipsilateral e presença de hiperperfusão no hemisfério cerebelar contralateral. CONCLUSÃO: A correlação entre os dados de Neuroetologia e SPECT ictal surge como uma nova ferramenta para anallsar os substratos neurobiológicos das ELT, especialmente quando a seqüência de ocorrência dos comportamentos é avallada em crises individuais. Este trabalho é importante para sallentar o valor da combinação de vários métodos diagnósticos no estudo clínico das ELT. Terá impacto futuro ao considerarmos, por exemplo, o EEG nas epilepsias e estudos de semiologia e imagem em outras patologias cerebrais.
Mestrado em Fisiologia – Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo
Financiamento: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.
Orientador: Prof. Dr. Norberto Garcia Cairasco.
Resumo
A epilepsia é uma síndrome neurológica que atinge entre 1 a 1,5% da população brasileira. De maneira geral, a epilepsia é caracterizada principalmente pela hiperexcitabilidade e hipersincronismo de estruturas encefálicas correlacionadas com sua etiologia. As crises epilépticas são distúrbios crônicos caracterizados por disfunção cerebral, devido à descarga neural excessiva, com manifestações clínicas que podem variar desde anomalias complexas de comportamento, que incluem convulsões generalizadas ou focais, até crises momentâneas de distúrbio de consciência. Para que possamos compreender os mecanismos subjacentes às síndromes epilépticas que acometem o homem, utilizamos modelos experimentais, cada qual com suas peculiaridades, mimetizando os diferentes tipos de síndromes. Não há duvidas de que os modelos experimentais nos fornecem somente pistas de como a maquinaria biológica funciona, no entanto eles são as ferramentas mais usadas para a elucidação de mecanismos envolvidos na gênese, manutenção e evolução das diversas epilepsias. Um modelo clássico de indução de epilepsia experimental é o de Status Epilepticus (SE) induzido por injeção sistêmica de pilocarpina (PILO). Após esta injeção, o animal apresenta crises convulsivas repetidas e mantidas durante 60 minutos ou mais, o que leva a diminuição da densidade de células em varias regiões cerebrais principalmente no hipocampo e a crises recorrentes espontâneas (CRE). Recentemente tem-se estudado emnosso laboratório uma variação deste modelo: a injeção central (intrahipocampal) de PILO ao invés da sistêmica, o que permite ação local da droga e diminui assim os danos sistêmicos provocados pela PILO, e diminui também a mortalidade dos animais. Apesar do modelo de injeção central de PILO induzir o mesmo tipo de crise do modelo de injeção sistêmica, até o momento não há relatos detalhados sobre as alterações comportamentais do SE e das mudanças) morfológicas no hipocampo após SE induzido pela injeção intrahipocampal de PILO em ratos. Os objetivos do presente trabalho são, então, quantificar a neurodegeneração no hipocampo de animais submetidos à injeção central de PILO, e tentar correlacionar esta variável com a severidade das crises apresentadas durante o SE. Ratos Wistar receberam PILO por via intrahipocampal e foram analisados quanto à gravidade das crises convulsivas durante o SE, segundo a escala de Racine (1972) modificada por Pinel e Rovner (1978). Os animais foram divididos em grupos e sacrificados em diferentes tempos após o SE (12, 24, e 168 horas). Foi feita avaliação histológica das alterações teciduais decorrentes do SE, enfocando áreas límbicas. Para isso, foram utilizadas as histoquímicas de Nissl e Fluoro-Jade (FJ), para quantificar neurônios em degeneração. Os animais perfundidos 12 h após SE tiveram maior padrão de neurodegeneração no hilus do giro denteado. Os animais do grupo 24 h tiveram maior padrão de neurodegeneração em CA3 efinalmente o grupo 168 horas pos SE obteve maior padrão de neurodegeneração em CA1 Não houve correlação direta entre a gravidade das crises e a neurodegeneração. A microinjeção intrahipocampal de PILO induz SE comportamental e neurodegeneração detectada 12, 24 e 168 horas após SE no hilus do GD e nas células piramidais das regiões CA1 e CA3, com padrões seletivos de lesão para cada janela temporal. O uso do FJ neste modelo é importante para a caracterização da cinética da neurodegeneração, um dos fatores críticos na ELT.
Mestrado em Neurologia/Neurociências – Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo
Financiamento: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.
Orientador: Prof. Dr. Norberto Garcia Cairasco.
Resumo
Ocitocina (OT) é um nonapeptídeo neurosecretório sintetizado nas células hipotalâmicas que se projetam para a neurohipófise e para locais extensamente distribuídos no sistema nervoso central. As microinjeções centrais de OT induzem uma variedade de comportamentos em animais no âmbito cognitivo, sexual, reprodutivo, de autolimpeza e afiliativo. O transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) inclui uma escala dos sintomas cognitivos e comportamentais que tem alguma relação com dimensões de comportamento associadas com a OT. A administração de OT no núcleo central da amígdala (CeA) induz autolimpeza exacerbada, considerada um sintoma de TOC. Neste trabalho, nós estudamos os substratos neuroanatômicos e celulares deste comportamento. Nossos dados sugerem uma ligação entre o CeA e a “área hipotalâmica de grooming” (HGA). A HGA inclui parte do núcleo paraventricular do hipotálamo e a área hipotalâmica dorsal. Nossos dados mostrando co-localização de OT (imunohistoquímica para peptídeo), receptor para OT (ensaio de binding) e marcação de células retrogradamente depois da injeção de Fluoro-Gold no CeA sugerem que o CeA e conexões são substratos importantes nos circuitos subjacentes de comportamento normal e de quadro patológico tal como o TOC dependente de OT descrito neste trabalho.